domingo, 11 de dezembro de 2016

#ocupagepem# SARAU DE NATAL – GEPEM 2016

 http://conjuraresperanca.blogspot.com.br/2014/12/o-espirito-de-natal-em-epoca-de.html  imagem 


       No próximo dia 14/12 às 9h30, no auditório do Laboratório de Filosofia (IFCH/altos) as associadas e os associados do GEPEM, encerrarão suas atividades da agenda acadêmica apresentando um SARAU DE NATAL. Esta atividade será um momento de resistência pela inclusão de outras formas de criação não somente expressas nas teorias que têm sido parte da esfera de estudos do grupo sobre onde encontrar/desvendar o reforço à cultura da violência. Serão apresentadas poesias, músicas, canções, recortes de romances femininos em que será demonstrado onde podem estar também nossos dotes de arte na resistência a um momento em que até o aniversariante do mês se tornou um combatente na Jerusalém sitiada pelos romanos.
O que temos para mostrar? O que podemos usar para poetar, para cantar, para recitar como expressão do sentimento de resistência contra todos os atos que têm desqualificado os direitos humanos de brasileiros e brasileiras neste ano de 2016?
É o momento de criação, invenção e reinvenção de nossa esperança em que “amanhã, será outro dia”.
Outra atividade é o clássico “amigo-mico” – cada participante se incumbirá de levar um presente (até 10 reais) para a brincadeira festiva. Quem esteve em outras comemorações dessa festa já deve saber como ocorrerá.

Convidados/as: associadas e associados e participantes da agenda de estudos neste ano de 2016
Data : 14/12
Hora: 9h30
Após, coquetel de encerramento.
Local: Auditório do Laboratório de Filosofia (IFCH-UFPA)



sábado, 10 de dezembro de 2016

OS DIREITOS HUMANOS, A CARTA DE 1948 E A LUTA DAS MULHERES





Comemora-se hoje o Dia Internacional da Declaração dos Direitos Humanos. Os altos níveis de violência mundiais perpetrados contra a pessoa revelam a baixa conscientização sobre o que representou a assinatura dessa Carta pelas Nações Unidas e que tem pautado suas campanhas na luta contra a discriminação e os processos de violência contra os humanos.
Os trinta artigos do documento descrevem os direitos básicos garantidores de uma vida digna para todos os indivíduos (liberdade, educação, saúde, cultura, informação, alimentação e moradia adequadas, respeito, não-discriminação, entre outros).
Secularmente, há uma longa história de debates entre filósofos e juristas acerca da concepção dos direitos humanos, considerando o início dessas discussões a área da religião, com o cristianismo medieval defendendo a igualdade de todos os homens, admitindo a teoria do direito natural. Mas, se reconhecem a centralidade dos indivíduos numa ordem social e jurídica justa, sobrepõem a prevalência da lei divina sobre o direito laico e, a partir dai, há uma outra vertente de discussões que não cabe avaliar neste momento.
Com a teoria dos direitos naturais ou jus naturalismo (século XVII) que fundamenta o contratualismo de onde desponta a doutrina liberal, o direito à vida, à liberdade, à propriedade, à segurança e à resistência contra a opressão serão considerados os direitos naturais do indivíduo. E constam do Art. 1 da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, assinada em 26 de agosto de 1789, na Revolução Francesa. A Declaração de Independência da Revolução Norte Americana, de 4 de julho de 1776, portanto, anterior à francesa, compõe com esta as primeiras manifestações concretas de declarações de direitos, na era moderna. São fatos históricos que determinam que os direitos humanos se associem, primeiramente, aos direitos individuais e as liberdades públicas, contribuindo para os limites à competência do poder público.
Os Direitos Humanos vão adquirir estatuto próprio durante o Século XX, a partir de 1945, com a declaração firmada na Carta de fundação das Nações Unidas (24 de outubro de 1945), quando as experiências de guerras mundiais demonstram a necessidade da consolidação desses direitos através da criação de um sistema internacional de proteção, para estabelecer e manter a paz no mundo. 
A Declaração Universal dos Direitos do Homem concretizada na Carta das Nações Unidas, adotada e proclamada pela resolução 217 A (III) da Assembleia Geral da ONU em 10 de dezembro de 1948, procura “reafirmar a fé nos direitos fundamentais dos homens, na dignidade e no valor da pessoa humana, na igualdade de direitos de homens e mulheres e das nações grandes e pequenas”(cf. Chiarotti & Matus, p. 8). No postulado básico que declara os direitos iguais pela condição de pessoa, remete a uma nova perspectiva de igualdade entre os seres humanos visto que considera sua diversidade e diferenças.
A formulação dessa declaração como direitos humanos (não como “Direitos do Homem”) vem da presença de Eleanor Roosevelt na Comissão de Direitos Humanos da ONU, ao discutir a redação da Carta. Ela propõe que a palavra homem seja substituía pelo termo humano ou pessoa, iniciando-se um processo que vem sendo defendido historicamente pelas mulheres e feministas, de rupturas ao sujeito genérico e universal, passando assim a ser incorporada à Declaração Universal.
Os direitos civis e políticos constantes da Carta centram-se “na proteção à liberdade, à segurança e à integridade física e moral da pessoa, além da garantia ao seu direito de participação na vida pública” (p.9). São chamados de Direitos Humanos de Primeira Geração.
Na segunda metade do Século XX, a concepção e os conteúdos dos direitos humanos sofrem mudanças importantes com “a noção de direitos econômicos, sociais e culturais, referidos à existência de condições de vida e de acesso aos bens materiais e culturais, de acordo com a dignidade inerente a cada ser humano” (idem). Este novo conjunto de direitos nomeia-se Direitos Humanos de Segunda Geração.
Os de Terceira Geração emergem na Carta como produto das lutas dos diversos movimentos sociais das últimas décadas, constando os “direitos a respeito das ofensas à dignidade humana, tão graves como a tortura e a discriminação racial. Outros direitos estão orientados a proteger certas categorias de pessoas: mulheres, crianças, refugiados, negros entre outros. Também existem os chamados “direitos coletivos”, entre os quais podemos citar o direito ao desenvolvimento, o direito ao meio ambiente e o direito à paz”(p. 10). Entre os três há diferenças visto que este último tem como titulares grupos de pessoas.
Os Direitos Humanos têm contribuído na concepção de sujeito, recuperando as dimensões “do corpo, a sexualidade, a linguagem, a subjetividade, negadas tanto na concepção vigente de sujeito como também nas práticas cotidianas”(p. 11). A valorização dessa nova dimensão proporciona a construção de um novo imaginário permitindo repensar novas perspectivas das formas de vida social.
As mulheres contribuíram ao conceito de direitos humanos a partir de duas dimensões imbricadas: a contribuição teórico-acadêmica do feminismo revalorizando a diferença sexual e a formulação da perspectiva de gênero; e as contribuições teórico-práticas das experiências diferenciadas dos movimentos de mulheres em nível mundial e latino-americano.
As novas formulações dos movimentos feministas fazendo emergir a organização e a visibilidade das mulheres passa a questionar os paradigmas da modernidade. A ordem das relações hierárquicas e dos valores são questionados deixando à mostra o processo de subordinação que submete a mulher. “Ao revelar a construção histórica da diferença sexual instituída pelas sociedades, denuncia a edificação de uma ordem natural que perpetua um sistema de relações fundamentado na hegemonia de um sexo sobre outro”( p. 12).
Há um tempo de denúncias a essa subordinação histórica que emerge a partir do conceito de patriarcado, e outro tempo de identificação das identidades construídas culturalmente das diferenças de sexo. De ferramenta explicativa, o patriarcado torna-se uma categoria política. Quando as investigações sobre a condição da mulher alcança uma dimensão expressiva nasce o conceito de gênero.
O resultado das ações concretas das mulheres vai demonstrar que este gênero sempre esteve excluído de seus direitos sociais e políticos. Da linguagem que estabelece a hierarquia genérica – homens - à questão do acesso à saúde, aos direitos reprodutivos, à sexualidade prazerosa, as mulheres passam a perceber que estão enquadradas num nível de cidadania de segunda categoria. É-lhes negado o direito ao corpo, o direito à escola, o direito à terra, o direito de decidir sobre uma gravidez indesejada, o direito previdenciário (enquanto representante de certas categorias de trabalhadoras, como as pescadoras), o direito ao trabalho, o respeito à sua inteligência, o espaço em que circula.
Ao investigar as práticas de violência doméstica e sexual percebe-se que toda a noção de sujeito centra-se num processo de discriminação sobre seu gênero. Contudo, suas formas de resistência ao processo opressor, a visibilização da exclusão aos direitos sociais e aos meios que a discriminam, tendem a reformular a noção de sujeito apontando para a diversidade desses sujeitos dos Direitos Humanos. “É desta maneira que as mulheres contribuem de modo fundamental na reformulação da noção de sujeito universal e abstrato, ao questionar o etno e o androcentrismo que situa ao homem ocidental como parâmetro do universal. Isto permite o reconhecimento de uma “humanidade” com diversos rostos.”(p 17)
Por isso, o que dizer da impunidade aos bárbaros crimes cometidos contra as milhares de mulheres conforme denunciam as pesquisas e os dossiês sobre violência de gênero, apesar da pressão internacional, que neste “des-governo” brasileiro vai perdendo as garantias de tantos direitos aos quais temos lutado para nos incluirmos nas linhas da Carta Declaratória dos Direitos Humanos?

A luta pelos direitos humanos das mulheres & demais grupos sociais não tem tempo de descanso. Façamos dessa luta a grande bandeira de nossas resistências. 


segunda-feira, 28 de novembro de 2016

#ocupagepem” OFICINA – POR UMA ESCRITA NÃO SEXISTA


http://diariodasfemeas.blogspot.com.br/ 

Dia: 30/11/2016
Hora: 14:00 às 17:00h
Local: Auditório do Curso de Filosofia - IFCH (altos)
Ministrante: MS. Jorgete Lago – Professora da UEPA e do GEPEM

Apresentação da temática:

“A equidade de gênero na linguagem só será garantida a partir do momento em que se repensar a forma como o tema é tratado nos ambientes educacionais, hoje disseminadores da dominação masculina nos discursos, principalmente quando não identificado o sexo da pessoa a quem se refere. Utilizando o feminino e o masculino para tratarmos de grupos mistos estaremos ampliando a visibilidade das mulheres em todas as esferas sociais, publicizando a participação feminina que sempre existiu na construção histórica do estado e do país, mas nem sempre destacada.” Ariane Leitão, 2014, Manual para uso não sexista da Linguagem)
<<BAIXAR Manual para uso não sexista da Linguagem (no Blog)>>
<<BAIXAR O paradoxo da linguagem não sexista (no Blog >>

http://www.redemulher.org.br/encarte52.html 

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

#ocupagepem# NOS 16 DIAS DE ATIVISMO: NÃO VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES



O dia 25 de novembro foi denominado o Dia Internacional da Não Violência contra a Mulher homenageando três irmãs, ativistas políticas: Pátria, Minerva e Maria Teresa Mirabal, brutalmente assassinadas pela ditadura de Leonidas Trujillo, na República Dominicana. O fato que culminou nesse episódio trágico originou-se de um agravo sofrido por Minerva, assediada por Trujillo durante o “Baile do Descobrimento”, em 12 de outubro de 1949, para o qual fora convidada toda a família. Impulsiva, a jovem repele injuriada o ditador e, então, toda a familia foge do baile antes do final, atitude vista pelos órgãos oficiais como afronta dos Mirabal ao governo. A partir desse incidente as três mulheres e seus familiares passam a sofrer forte repressão. Perdem a casa e os recursos financeiros, contudo, num olhar pelo país percebem o abalo no sistema econômico em geral, com o governo de Trujillo levando ao caos financeiro. Elas formam, então, um grupo de oposição ao regime tornando-se conhecidas como Las Mariposas. Por diversas vezes foram presas e torturadas, mas não deixaram de lutar contra a ditadura. Decidido a eliminar essa oposição, Trujillo manda seus homens armarem uma emboscada às três mulheres, interceptando-as no caminho da prisão onde iam em visita aos maridos. Conduzidas a uma plantação de cana de açucar foram apunhaladas e estranguladas em 25 de novembro de 1960. Esse fato causou grande impacto entre os dominicanos que passaram a apoiar as idéias das jovens, reagindo às arbitrariedades do governo e, em maio de 1961, o ditador foi assassinado.
Em 1981, durante o Primeiro Encontro Feminista Latino-Americano e Caribenho, realizado em Bogotá, Colômbia, o episódio foi relembrado sendo a data proposta pelas participantes do encontro para se tornar o Dia Latino-Americano e Caribenho de luta contra a violência à mulher. A Assembléia Geral das Nações Unidas (em 17 de dezembro de 1999) também declarou o 25 de novembro o Dia Internacional da Eliminação da Violência contra a Mulher, em homenagem ao sacrifício de Las Mariposas.
A tragédia que se abateu sobre as irmãs Mirabal há mais de cinquenta anos se por um lado configura-se um ato de violência política, também pode ser visto como violência institucional (embora esta inclua outros aspectos infringidos às mulheres), haja vista que foi cometido por forças de um governo constituído. E a partir dele fez eclodir entre os movimentos sociais mundiais o combate às demais formas de violência que se abatiam contra esse gênero.
A violência é um termo polissêmico e o seu uso aponta para as formas diferenciadas de constrangimentos morais, coativos ou através da força física explícita, aplicada por uma pessoa contra outra, num ambiente que pode ser tanto público - no contexto social e político – como privado, no espaço familiar.
Esta percepção levou ao reconhecimento de que certos comportamentos nas relações sociais, embora fossem vistos como “naturais” tramavam contra a dignidade humana. A denúncia dos movimentos de mulheres ao tratamento que muitas mulheres recebiam nos locais de convivência, impedidas de participar de determinada atividade, e/ou em casa, quando agredidas pelo marido, pelos filhos ou pais por não fazerem as tarefas domésticas e/ ou por ciúmes, essas atitudes passaram a ser denunciadas como atos de violência recebendo o tratamento devido de entidades governamentais e ONGs ao considerarem essas condutas destrutivas da condição humana.
Conferências, convenções, acordos, cartas constitucionais e demais documentos internacionais foram abrigando discussões e fundamentos legais para a erradicação das formas de violência que acometiam as mulheres. A Conferencia Mundial de Direitos Humanos de Viena (1993) criou o slogam considerando que "os direitos da mulher também são direitos humanos". E em 9 de junho de 1994 foi assinada pela ONU a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência Contra a Mulher, mais conhecida como Convenção de Belém do Pará porque a Assembleia Geral desse órgão foi realizada nesta cidade. O documento levou em consideração “o amplo processo de consulta realizado pela Comissão Interamericana de Mulheres desde 1990 para o estudo e a elaboração de um projeto de convenção sobre a mulher e a violência”.
Os dados sobre a violência doméstica no Brasil são muito sérios. E já são bem visíveis entre a população. As evidências de que os/as brasileiros/as já reconhecem diferentes formas de agressão como sendo violência doméstica são apontadas na pesquisa do Instituto Avon-IPSOS – “Percepções Sobre A Violência Doméstica Contra A Mulher No Brasil” – realizada de 31/01 a 10/02 de 2011, em 70 municípios das 5 regiões brasileiras, entre homens e mulheres com 16 anos ou mais. Segundo o relatório: “entre os diversos tipos de violência doméstica sofridos pela mulher, 80% dos entrevistados citaram violência física, como: empurrões, tapas, socos e, em menor caso (3%), até a morte. Ou seja, a violência física é a face mais visível do problema, mas muitas outras formas foram apontadas. 62% reconhecem agressões verbais, xingamentos, humilhação, ameaças e outras formas de violência psicológica como violência doméstica, assim como a sexual e a moral”. Para a maioria, esses atos são vistos como uma questão cultural (50%), e consideram que o homem ainda se acha “dono” da mulher (41%) (www.institutoavon.org.br).
Presentemente os registros dos primeiros meses de 2015 apontam 63.090 denúncias de violência contra a mulher - correspondendo a uma denúncia a cada 7 minutos no país, dados da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR), com base no balanço dos relatos recebidos pelo Ligue 180. Quase metade destes registros, (31.432 ou 49,82%) corresponde a denúncias de violência física e 58,55% foram relatos de violência contra mulheres negras.
Outras formas de violência foram detectadas pelo Ligue 180 com 19.182 denúncias de violência psicológica (30,40%), 4.627 de violência moral (7,33%), 3.064 de violência sexual (4,86%) e 3.071 de cárcere privado (1,76%). Os atendimentos registrados mostram ainda que 77,83% das vítimas têm filhos e que mais de 80% destes filhos presenciaram ou também sofreram a violência.
A violência é um termo polissêmico e o seu uso aponta para as formas diferenciadas de constrangimentos morais, coativos ou através da força física explícita, aplicada por uma pessoa contra outra, num ambiente que pode ser tanto público - no contexto social e político – como privado, no espaço familiar. Alguns autores consideram o ato violento não apenas em situações episódicas agudas como a violência física, mas incluem também aquelas formas evidentes de distribuição desigual de recursos em todos os seus matizes. Outro aspecto explicativo desse ato é o da violência estrutural do Estado e o das instituições, cujos vetores criam um sistema coordenado de medidas que geram e reproduzem a desigualdade.
Esta percepção levou ao reconhecimento de que certos comportamentos nas relações sociais, embora fossem vistos como “naturais” tramavam contra a dignidade humana. A denúncia dos movimentos de mulheres ao tratamento que suas congêneres recebiam nos locais onde mantinham convivência, ao serem impedidas de participar de determinada atividade, por exemplo, em casa, quando eram agredidas pelo marido, pelos filhos ou pais ao deixarem de fazer determinadas tarefas domésticas, essas atitudes passaram a ser percebidas pela sociedade como atos de violência e, atualmente, recebem o tratamento devido de entidades governamentais e não governamentais que consideram essas condutas destrutivas da condição humana.
Segundo a Sociedade Mundial de Vitimologia (Holanda), em pesquisa junto a 138 mil mulheres de 54 países, o Brasil é o que mais sofre com a violência doméstica,
Neste texto registro minha posição de lutar pelo fim da violência qualquer forma seja ela aplicada.

NÃO À VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E SEXUAL CONTRA AS MULHERES E O CONJUNTO DE PESSOAS LGBT!

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

#ocupagepem# BEAUVOIR NA OCUPAÇÃO



            As atividades já programadas pelas associadas do Gepem pera este final de semestre se cruzaram no programa de ocupação que alunos/as e docentes da UFPA estão promovendo contra a PEC 55/241.
Na terça feira, 22/11 às 14 h, a sala do GEPEM recebeu as/os participantes do estudo dirigido do livro “O Segundo Sexo”, no capítulo referente a exposição que a autora faz no 3º Capítulo do Livro I - Fatos e Mitos – “O ponto de vista do materialismo Histórico. Debate muito bom e presença de novos interessados/as nos estudos da Linha de Pesquisa “Gênero, Feminismos e Intersexualidade”.

Imagens da tarde de ocupação da Sala do Gepem. 





domingo, 20 de novembro de 2016

#ocupaufpa# A SOLIDARIEDADE COMO ATO CLÍNICO QUE FAVORECE A SAÚDE HUMANA


Dia: 22/11/2016
Hora: 10:00 às 12:00h
Local: Sala de aula PPGSA - IFCH (altos)

Vagas: 20 participantes
Inscrição: secretariagepem@gmail.com 

Ministrante: Dra. Adelma Pimentel – Programa de Pós-Graduação em Psicologia /UFPA e GEPEM/UFPA.

Apresentação da temática:

A solidariedade é um ato que no cotidiano requer vinculação a palavra-ato cuidado. Ambas efetivando-se no relacionamento interpessoal revelam a postura ética diante da vida com o outro, ultrapassando as barreiras do individual para o coletivo. A origem etimológica das palavras é um dos recortes de nossas pesquisas no campo da linguagem. Uma das razões deste interesse é verificar a significação original e as alterações que os signos carregam ao longo do tempo. Deste modo, ofereço um pequeno histórico da linhagem da palavra solidariedade: Vem do latim solidare, que significa, etimologicamente, solidificar, confirmar. A origem é a mesma do adjetivo sólido, significando "que tem consistência, que não é oco, que não se deixa destruir facilmente" (disponível em http://www.klickeducacao.com.br/bcoresp/bcorespmostra/0,5991,POR-1078-h,00.html ) 



quinta-feira, 17 de novembro de 2016

#ocupaufpa# - CINEMA NA OCUPAÇÃO




Logo mais (17/11) às 15 h, no auditório da Reitoria UFPA, haverá mais uma atividade para levar ao grupo do #ocupaufpa# um debate sobre a questão do assédio sexual, promovido pelo GEPEM. Trata-se da exibição do filme denúncia “Cairo 678” (Egito, 2010, 1h40) com roteiro e direção de Mohamed Diab.
A denúncia é feita pelas mulheres de todas as classes sociais, no Egito pré-revolução popular sendo assediadas de forma torpe pelos homens, nos ônibus, onde precisam circular diariamente. São práticas tolerada pelas autoridades locais e pela moral muçulmana. Devido ao combate que impõem elas conseguem criar a duras penas uma Lei, a 678, que pune o agressor.


terça-feira, 15 de novembro de 2016

GEPEM & SUAS ATIVIDADES NA OCUPAÇÃO - #ocupaufpa#



No próximo dia 22/11(manhã, 10h) e no dia 30/11 (tarde, 14h) teremos atividades programadas para os interessados e interessadas nos temas: "Solidariedade & Saúde Humana" e "Por uma Escrita Não Sexista", ministrados, respectivamente, pelas Profas. Adelma Pimentel (PPGP/GEPEM) e Jorgete Lago (UEPA/GEPEM).
Com a política de ocupação contra a PEC 55/241, estaremos transferindo para ao Hall da Reitoria esses eventos. Quem quiser se inscrever pode mandar e-mail para luziamiranda@gmail.com ou luzia@ufpa.br Ou se inscrever na hora. Haverá certificado.

VAMOS A TODA RESISTIR SEMPRE!

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

GÊNERO, MORTE E JUSTIÇA: PROTESTO CONTRA A LGBTFOBIA - NOVEMBRO/2016



 Julianne Moore e Ellen  Page em "Amor por Direito"

GÊNERO, MORTE E JUSTIÇA: PROTESTO CONTRA A LGBTFOBIA

Cine Gênero :“AMOR POR DIREITO” (Freeheld, EUA, 2015) 
Dia: 08/11/2016
Hora: 14:00
Local: Auditório do IFCH (altos)
Debatedores: Doutoranda MILENA ALBUQUERQUE (Antropologia Social/PUC-RJ) e o doutorando MILTON RIBEIRO FILHO (Antropologia/UFPA).

Neste mês de novembro/2016 o GEPEM/UFPA dá continuidade às suas atividades debatendo um tema ainda não apresentado no grupo: a Morte. Para essa discussão foi escolhido um filme, um assunto e uma situação para refletir. “AMOR POR DIREITO” (Freeheld, EUA, 2015) trata da história real da detetive Laurel Hester (Julianne Moore) que assume a parceria amorosa com Stacie Andree (Ellen Page) e ao ser diagnosticada com uma doença terminal se envolve na luta pelo direito de o benefício da pensão de 23 anos de serviços na corporação de Nova Jersey, ser estendido para a companheira, após sua morte.
O tema GÊNERO, MORTE E JUSTIÇA: PROTESTO CONTRA A LGBTFOBIA integra a discussão sobre o fenômeno da morte, apresentando, nessa situação-limite, um momento crucial na luta dos direitos civis da população LGBT. Discussão que converge para um PROTESTO e REPÚDIO das/os associadas/os do Gepem ao recente episódio de brutal violência contra uma jovem travesti espancada pelos taxistas da COOPERDOCA (Belém).


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OFICINA
 A SOLIDARIEDADE COMO ATO CLÍNICO QUE FAVORECE À SAÚDE HUMANA

Dia: 22/11/2016
Hora: 10:00 às 12:00h
Local: Sala de aula PPGSA - IFCH (altos)
Vagas: 20 participantes (com ficha de inscrição específica a ser preenchida na sala de pesquisa do GEPEM-UFPA).
Ministrante: Dra. Adelma Pimentel – Programa de Pós-Graduação em Psicologia /UFPA e GEPEM/UFPA.

Apresentação da temática:
A solidariedade é um ato que no cotidiano requer vinculação a palavra-ato cuidado. Ambas efetivando-se no relacionamento interpessoal revelam a postura ética diante da vida com o outro, ultrapassando as barreiras do individual para o coletivo. A origem etimológica das palavras é um dos recortes de nossas pesquisas no campo da linguagem. Uma das razões deste interesse é verificar a significação original e as alterações que os signos carregam ao longo do tempo. Deste modo, ofereço um pequeno histórico da linhagem da palavra solidariedade: Vem do latim solidare, que significa, etimologicamente, solidificar, confirmar. A origem é a mesma do adjetivo sólido, significando "que tem consistência, que não é oco, que não se deixa destruir facilmente". (disponível em http://www.klickeducacao.com.br/bcoresp/bcorespmostra/0,5991,POR-1078-h,00.html. ( texto integral, anexo neste blog >>CLIQUE AQUI>>)
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OFICINA

POR UMA ESCRITA NÃO SEXISTA
Dia: 30/11/2016
Hora: 14:00 às 17:00h
Local: Auditório do Curso de Filosofia - IFCH (altos)
Vagas: 30 participantes (com ficha de inscrição a ser preenchida na sala de pesquisa do GEPEM-UFPA).
Ministrante: MS. Jorgete Lago – Professora da UEPA e do GEPEM
Apresentação da temática:
“A equidade de gênero na linguagem só será garantida a partir do momento em que se repensar a forma como o tema é tratado nos ambientes educacionais, hoje disseminadores da dominação masculina nos discursos, principalmente quando não identificado o sexo da pessoa a quem se refere. Utilizando o feminino e o masculino para tratarmos de grupos mistos estaremos ampliando a visibilidade das mulheres em todas as esferas sociais, publicizando a participação feminina que sempre existiu na construção histórica do estado e do país, mas nem sempre destacada.” Ariane Leitão, 2014, Manual para uso não sexista da Linguagem)
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segunda-feira, 3 de outubro de 2016

CRÍTICA FEMINISTA, TEORIA POLÍTICA E DEMOCRACIA

  Grupo de Estudos e Pesquisas “Eneida de Moraes” sobre Mulher e Relações de Gênero – GEPEM 


MINICURSO -  GÊNERO E POLÍTICA

Período : 19 a 21/10/2016
Hora: : 14 as 18 h
Local : Auditório do Instituto de Filosofia e Ciêncis Humanas/altos
            Campus do Guamá.
Ministrante : Nilson Sousa Filho. 
Parte integrante da vida política e social é excluída pelo conhecido acordo original. É nessa afirmação que Carole Pateman apresenta sua teoria política em O Contrato Sexual (1993), um livro indispensável para o debate político, no Brasil e no mundo, que controverte a liberdade civil e o direito patriarcal.
As definições estruturantes da socialização, as representações do que é ser “homem” e “mulher” alicerçaram-se nas diferenças sexuais, tornando-as acima de tudo diferenças políticas, e foi nessa caricatura que a sociedade civil se organizou, distribuindo direitos aos homens, mas reservando às mulheres a imagem refletida da sua própria natureza, atribuindo-as à esfera privada, encerrada como politicamente irrelevante.
Apesar de a história completa ter sido sufocada, as práticas do movimento feminista desnudou aspectos tanto da teoria quanto da vida política. Na concepção de Anne Phillips (1996), o Feminismo emerge como enfrentamento ao poder arbitrário, impugnando a imagem hierárquica dos gêneros, resignificando a relação sexual e desestruturando a ordem social patriarcal. Em Género y Teoría Democrática (1996), a autora evidencia que a ideia democrática de organização política, entendida como contrária à monarquia, teria o mesmo fundo de razão do feminismo pois ambas abordam noções de igualdade. Contudo, apesar de pensarmos que os ideais de igualdade as unam, não há demonstração de que isso seja automático. É o movimento ativo das mulheres, na exigência de direitos democráticos para elas, que estabelece vínculos com essa tradição.
A Crítica Feminista alterou, portanto, o status quo. Transformou o mainstream da Ciência Política e reeditou a Teoria Política e Democrática, e, sobretudo, subverteu modo de pensar, ser e fazer das mulheres (e dos homens) na sociedade. Uma relação de poder desestabilizada e protestada por um movimento emergente ainda no século XVII – o Feminismo. (NF)
Há uma bibliografia a seguir: "PATEMAN, Carole. O Contrato Sexual. Paz e Terra, 1993; PHILLIPS, Anne. Gênero & Teoria Democrática. UNAM, 1996. A serem disponibilizados na xerox do IFCH.
A síntese aos enfoques das duas teóricas feministas analisadas e estudadas nos dias 19 e 20, será debatida no filme a ser exibido no dia 21/10 : "PAULINA" (Argentino, 2016), de Santiago Mittre. O argumento se traduz na discussão sobre as convicções entre a sua carreira de advogada, a condição de ensino da política e cidadania numa comunidade pobre e sua posição após ser estuprada por um aluno.
Filme polêmico e muito eficiente nessa discussão sobre cidadania e democracia. 

PATEMAN, Carole. O Contrato Sexual. Paz e Terra, 1993 >>BAIXAR<<   >>VER ONLINE<<
PATEMAN, Carole. Críticas feministas à dicotomia público/privado  >>BAIXAR<<
SLIDE. Género y teoria democrática. Gepem, 2016 <<BAIXAR>>

PHILLIPS, Anne. O que há de errado em ser liberal. RBCP, n6, Brasília, Julho-Dezembro de 2011 <<BAIXAR>>
CYFER, Ingrid. Liberalismo e feminismo: Igualdade de gênero em Carole Pateman e Martha Nussbaum. Rev. Sociologia Política, Curitiba, V. 18, 2010 <<BAIXAR>>

quinta-feira, 15 de setembro de 2016



Estamos disponibilizando o dois volumes de "O segundo sexo" para download.


        BEAUVOIR, de Simone. O segundo sexo: fatos e mitos; tradução de Sérgio Milliet. Rio de Janeiro Nova Fronteira, 1980. BAIXAR 

   BEAUVOIR, de Simone. O segundo sexo: a experiência vivida; tradução de Sérgio Milliet. Rio de Janeiro Nova Fronteira, 1980. BAIXAR 


GÊNEROS, FEMINISMOS, INTERSECCIONALIDADE: NOVA LINHA DE PESQUISA/GEPEM:


Coordenadoras:
Luzia Álvares (UFPA) e Adriane Lima (UEPA)

Início dos seminários :19/09
Hora: 14 às 17h
Local: Sala do Gepem
Leitura: “O Segundo Sexo”, de Simone de Beauvoir ( Livro 1 - Fatos e Mitos, 1º cap.)
Metodologia : Estudo dirigido com discussão sobre os pontos levantados no debate. 

SÚMULA:
Desenvolver estudos objetivando explorar questões relativas ao projeto feminista na teoria do conhecimento, analisando os fundamentos culturais que circulam na epistemologia e metodologia das ciências, e a contribuição da crítica feminista contemporânea para a desconstrução de saberes marcados por representações discriminatórias aos gêneros e suas práticas, valores, identidades, subjetividades, nos vários campos, articulando-se questões da interseccionalidade entre gênero, raça e classe social. 

ARGUMENTO

Essa linha de pesquisa, como as demais do GEPEM, está aberta a quem se interessar por esses estudos iniciais sobre a situação da cultura do patriarcado e a gênese dos problemas da homofobia. Os interessados podem fazer e-mail para secretariagepem@gmail.com encaminhando o seu nome.


segunda-feira, 12 de setembro de 2016


CINE-GÊNERO – A VIRGEM MARGARIDA 
(Moçambique, 1975), de Licínio Azevedo.
 
Sinopse: Moçambique. A revolução limpa as ruas, tirando as prostitutas e os bordéis da capital. As mulheres são levadas para um campo de reeducação em uma região no norte do país. Margarida, uma jovem camponesa, é enviada por engano para o local, onde precisará enfrentar diversas adversidades.

 

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

CALENDÁRIO DE ESTUDOS GEPEM/UFPA – SETEMBRO/ 2016




FEMINISMO PÓS-COLONIAL


Um dos temas que não foi tratado no primeiro semestre - feminismo pós-colonial – iniciará esta nova fase da agenda, oferecendo motivo para também apresentar–se em imagens. Há muitos filmes latino-americanos e de outras nacionalidades que tratam das relações de gênero nessas sociedades. A escolha já foi feita para a exibição nesse mês.

SETEMBRO

DIA: 12/09 / 2016
Hora : 9h30
Local: Auditório do Curso de Filosofia – IFCH/altos.

TÍTULO – “NÃO SOMOS UMA, SOMOS DIVERSAS: POR UM FEMINISMO DECOLONIAL”

EXPOSITORA: Adriane Raquel Santana de Lima - Doutora em Educação (UEPA)

Dia: 28/09/2016
Hora: 14:00h
Local: Auditório do Instituto de Filosofia – IFCH/altos

Texto 01: Costa, Claudia de Lima and Eliana Ávila. “Gloria Anzaldúa, a consciência mestiça e o ‘feminismo da diferença.’ Revista Estudos Feministas 13.3 (2005): 691-703 - VER ONLINE

Texto 02: LUGONES, María. Hacia un feminismo descolonial. - VER ONLINE  


CINE-GÊNERO – A VIRGEM MARGARIDA (Moçambique, 1975), de Licínio Azevedo.

Sinopse: Moçambique. A revolução limpa as ruas, tirando as prostitutas e os bordéis da capital. As mulheres são levadas para um campo de reeducação em uma região no norte do país. Margarida, uma jovem camponesa, é enviada por engano para o local, onde precisará enfrentar diversas adversidades.


DEBATEDORA: Dra. Kátia Bárbara da Silva Santos – Pesquisadora associada ao Centro de Estudos Africanos da Universidade Eduardo Mondlane (Moçambique). (convidada)

terça-feira, 30 de agosto de 2016

GEPEM - AS CAMINHADAS NO PERCURSO ACADÊMICO-MILITANTE


Luzia Álvares –
IFCH/FACS/UFPA
27/08/2016

No início dos anos oitenta, as professoras Edna Castro, Rosa Acevedo e sua então orientanda e discente do NAEA/UFPA Luzia Álvares, pensaram a criação de um grupo de estudos sobre a questão da mulher. As três se reuniram e elaboraram um primeiro documento sobre objetivos e metas de criação do grupo.
Em janeiro de 1992, a representante do então CFCH no Comitê de Pesquisa da UFPA, Profa. Maria Angélica Motta-Maués organizou e realizou, juntamente com a direção e pesquisadores desse Centro, o I Encontro de Pesquisadores do Centro de Filosofia. Nesse evento, foi possível publicizar os resultados de pesquisas e os projetos em andamento que estavam se desenvolvendo naquela unidade acadêmica, reunindo-se sete comunicações no Grupo Temático I – “Questões de Gênero: Identidade, Processos de Trabalho e Participação Política[i].
Promovido pelo NEIM/UFBA, em setembro de 1992, à frente as professoras Ana Alice Costa e Cecília Sardenberg, ocorreu o I Encontro de Pesquisadoras sobre a Mulher e Relações de Gênero do Norte e Nordeste. Esse evento teve a presença de um grupo de docentes da UFPA que estudava o tema mulher - estimulado pela assessora de pesquisa do então CFCH, profa. Maria Angelica Maués que conseguiu recursos junto à PROPESP para que participassem desse encontro na Bahia, culminando com a criação da REDOR-N/NE.
O modelo desse evento estimulou, no âmbito paraense, a que o grupo inicialmente formado no NAEA agregasse outros/as pesquisadoras/es, contemplando várias áreas de conhecimento: História - Profa. Maria de Nazaré Sarges, Profa. Edilza Fontes, Prof. José Maia; Psicologia – Profa. Eunice Guedes e suas bolsistas do PIBIC; Antropologia - Profa. Angelica Motta-Maués; Ciência Política - Profa. Luzia Álvares; Saúde - Dra. Suzanne Serruya (Universidade Estadual do Pará). Literatura – Profa. Eunice Santos. Em seguida a essa adesão, foi feita uma ampla chamada a outros/as docentes da universidade, culminando com a oficialização do grupo. Esse processo constituiu um marco de efeitos colaterais sobre o enfoque da história das mulheres, ao congregar tanto pesquisadoras da UFPA quanto de universidades particulares e estaduais do Pará, formando um eixo interdisciplinar em diversas áreas de conhecimento, como as Ciências Humanas e Sociais, Letras e Artes, Saúde, Educação.
Entre os anos 1992 e 1994, vislumbram-se indícios de que, no ambiente amazônico, a nova temática incluindo a questão da mulher e a perspectiva de gênero estava se tornando um ponto de convergência, um centro de debates, na rede teórica das Ciências Sociais.
Na seqüência de estudos para consolidar a questão emergente, em maio de 1993, o VI CISO - Encontro de Ciências Sociais Norte/Nordeste, realizado em Belém (PA), com o apoio do NAEA, registrou, entre os grupos temáticos, o referente à Mulher e Relações de Gênero, com inscrição de trabalhos de pesquisadoras/es dessas duas regiões.
Outro evento desta vez internacional, em setembro de 1993, abrigou um grupo de trabalho sobre mulher e gênero. A Amazônia e a Crise da Modernização, promovido pelo Departamento de Ciências Humanas do Museu Paraense Emílio Goeldi, à frente a Profa. Maria Ângela D’Incao, registrou O GT Diversidade e Gênero acolhendo a inscrição de cinco trabalhos, sendo quatro selecionados, para a composição do livro A Amazônia e a crise da modernização:Educação e (In)Submissão Feminina no Pará”, de Álvares, M.L.M. ; “Quando chega essa “ visita”, de Motta-Maués, M. A.; “Mulher na padaria dá problema de amores”, de Fontes, E.; e “Uma presença discreta: a mulher na pesca”, de Maneschy, M. Cristina[ii].
Estes eventos são demonstrativos da trajetória marcante de pesquisadoras que mantinham diálogo interdisciplinar com o tema, algumas sendo remanescentes dos primórdios dos estudos, na UFPA, sobre a condição feminina, na década de 70, como Maria Angelica Motta-Maués.
Com isso, foi possível agregar estas pesquisadoras em um grupo de pesquisas e estudos e, na manhã do dia 27 de agosto de 1994, numa reunião histórica, primeiramente, no auditório do então Centro de Filosofia e Ciências Humanas/UFPA, para registrar formalmente a presença do grupo e a relação com a patrona, no dia seguinte, na Praça “Eneida de Moraes” (ainda em projeto) oficializou-se a criação do Grupo de Estudos e Pesquisas “Eneida de Moraes” sobre Mulher e Relações de Gênero - GEPEM.
Desse período em diante, observa-se a integração ao GEPEM de pesquisadoras do tema, favorecendo o planejamento e a realização do I Encontro Amazônico Sobre Mulher e Relações de Gênero, em novembro/1994, com a presença de estudiosos/as do Maranhão, Acre, Amazonas, Amapá, Rondônia e Roraima. Na ocasião, questões relativas à violência doméstica, à exploração rural e às práticas políticas vivenciadas pelas mulheres desses Estados foram discutidas. Os artigos apresentados foram publicados no livro A Mulher Existe? Uma contribuição ao estudo da mulher e gênero na Amazônia. Org. ÁLVARES, Maria Luzia & D'INCAO, Maria Ângela (Belém: GEPEM/GOELDI, 1995), com recursos da FUMBEL, órgão da Prefeitura Municipal de Belém.
As atividades sobre a temática-eixo foram sendo estimuladas pelas associadas do grupo nos cursos de graduação, pós-graduação, projetos de pesquisas e trabalhos de classe, presença nos eventos dos movimentos de mulheres paraenses, apresentação de trabalhos nos encontros locais, regionais e nacionais.
Houve então o II Encontro Mulher e Modernidade na Amazônia em abril/1996 sendo prolífico em apresentação de trabalhos, com cerca de 60 artigos selecionados com temas voltados às questões da desigualdade de gênero e as propostas de luta pelas conquistas da cidadania de qualidade aspirada pelas mulheres e direitos humanos. Como o anterior, os trabalhos apresentados no Encontro resultaram na publicação de um livro em dois volumes: Mulher e Modernidade na Amazônia. Vol I. Belém: CEJUP, 1997; e Mulher e Modernidade na Amazônia. Vol II. Belém: CEJUP, 2001. Org. D'INCAO, Maria Ângela, ÁLVARES, Luzia e SANTOS, Eunice.
Nesse mesmo ano, em setembro/1996 (23 a 27/09) as associadas do GEPEM organizaram o V Encontro Rede Regional Norte/ Nordeste de Estudos e Pesquisas Sobre Mulher e Relações de Gênero – REDOR, com o tema: Fundamentos Teóricos e Metodológicos de Gênero na Perspectiva Feminista, evento regional que agregou pesquisadoras e estudiosas do Norte e Nordeste, no período. Desse encontro resultou o livro: Desafios de Identidade: espaço-tempo de mulher. Org. ÁLVARES, M. L. M. (Org.); SANTOS, E. 1. ed. Belém: CEJUP, 1997. v. 1, 487 p.
No período de 1998 a 2008, os projetos nas linhas de pesquisa, a formação de bolsistas e a apresentação de resultados em encontros nacionais e até mesmo internacionais continuou em seu desdobramento. Foi também o momento de as associadas realizarem a sua qualificação acadêmica, uma necessidade que se impôs pela nova dinâmica instituída para o avanço da pós-graduação nas universidades. A maioria das “meninas do GEPEM” se doutorou nas várias áreas de conhecimento, nos diversos centros nacionais e locais.
Os eventos periódicos realizados pelo GEPEM se estenderam além dos muros da UFPA e deram a “cara” para identificar esse grupo preocupado nas discussões sobre a melhoria da qualidade de vida das mulheres e na luta pelos direitos humanos com o olhar da cumplicidade acadêmica.
Com o III Encontro Amazônico sobre Mulher e Gênero: As faces da diversidade, juntamente com o Encontro da Rede Feminista Norte e Nordeste de Estudos e Pesquisas Sobre Mulher e Gênero – REDOR, em setembro/2008 (23 a 26/09) a festa acadêmica conseguiu participação significativa de estudantes e pesquisadores, com mais de 300 inscrições, 137 trabalhos apresentados, 06 mesas temáticas, a presença de estudiosas/os nacionais, regionais e locais.
Em 2009, de 17 a 20 de novembro, foi possivel realizar o IV Encontro Amazônico sobre Mulher e Gênero - Mulheres Amazônidas: Imagens, Cenários, Histórias” e o “I Encontro de Pesquisadoras/es Paraenses Sobre Gênero, Mulheres, Cidadania. Este evento apresentou e discutiu a produção acadêmica na área de gênero, regionalmente representada no evento com mesas redondas e trabalhos inscritos, procurando incrementar a continuidade dos estudos e das vinculações do grupo com a sociedade mais ampla, aliando pesquisa, produção acadêmica e atuação política.
O processo de construção de saberes num espaço onde o conhecimento científico tem um padrão tradicional, nestes anos de atividades, manteve a presença constante de pesquisadoras/es da área de gênero em atividades múltiplas e formatou a transversalidade entre as grandes teorias e os enfoques contemporâneos que expunham diferenciais nos marcadores sociais, quando se processavam com a perspectiva de gênero. Essa conquista de espaço pelo GEPEM com a problemática da diversidade pode ser evidenciada na produtiva aprovação de pesquisas com temas sobre a situação feminina, as construções e hierarquias de poder, as diferenças das relações entre homens e mulheres construídas culturalmente, as expressões de sexualidades, as questões étnicas – temas que têm agregado pesquisadores/as, bolsistas, orientandos de graduação e pós-graduação, com divulgação dos resultados em seminários, encontros, oficinas e outros eventos promovidos e/ou apoiados pelo grupo, não só em nivel local, mas regional e nacional.
Três projetos de pesquisa foram apresentados pela coordenação do GEPEM e aprovados pelo CNPq, entre 2005 a 2010: “Gênero, Política e Representações Sociais (Processo nº 403224/2005-5 - CNPq/SPM); “Os movimentos de mulheres e feministas e sua atuação no avanço das carreiras femininas nos espaços de poder político” (Processo CNPq n.º 402969/2008-1 –CNPq/SPM) e Mulheres na Política: histórias de percursos e de práticas” (Processo CNPq,  n.º 402518/2010). A execução desses projetos foi prolífica em torno de dados referentes à situação das mulheres na representação política e os resultados dos mesmo constam em relatório encaminhados e aprovados pelo CNPq. Considera-se importante essa atividade pois, articulou um grupo significativo de associadas do GEPEM e bolsistas do PIBIC/PIPES/FAPESPA com a produção de materiais sobre o tema em TCCs, relatórios do PIBIC e artigos apresentados em encontros locais e nacionais.
        Além da atuação no âmbito acadêmico, o Gepem consolidou sua inserção na sociedade civil e atraiu importantes parcerias com grupos nacionais e internacionais de pesquisa e extensão, entre eles o Museu Paraense Emilio Goeldi, o Women in Fishing (WIF) programme of the International Collective in Support of Fish Workers (na ONG baseada in India) cuja consultora era Chandrika Sharma (recentemente desaparecida com o avião da Malasyan Airlines). Com Francine Saillant, diretora do CÉLAT-(Quebec/Canadá) e pesquisadora canadense que se apoiou no grupo trazendo alunos/as para inserir-se em nossos estudos nas areas de pesca; os movimentos de mulheres do Pará incluindo o Fórum de Mulheres Paraenses; a União das Mulheres de Belém (UMB) e Grupo de Mulheres do Campo e da Cidade.
A criação do OBSERVE regional em 2008 – numa parceria com o NEIM/UFBA e a Secretaria de Política para as Mulheres, promoveu a inserção do GEPEM numa área que ainda não estávamos com muitas atividades: o levantamento da situação de violência doméstica contra as mulheres e o monitoramento à aplicação da Lei Maria da Penha. Esse projeto propiciou ao GEPEM a criação de seu Observatório Regional Norte e, presentemente, está contatando com os demais grupos de estudos de violência doméstica das Universidades da região, para agregar em um Blog em fase de criação e cujo endereço é  http://www.observeregional-gepem.com/ 
        A mais recente parceria do Gepem se deu com o Núcleo de Estudos Interdisciplinares de Violência na Amazônia (NEIVA/UFPA) formado por um grupo de docentes de várias áreas de conhecimento da UFPA, e entre as quais inclui-se a coordenadora do GEPEM. Com mais esta parceria está se ampliando o apoio judiciário, moral, de saúde e psicológico às mulheres e crianças vítimas de violência.
        Desde 2013, houve um rearranjo nas linhas de pesquisa do GEPEM que hoje estão estruturadas em sete eixos, a saber: 1) Mulher e Participação Política; 2) Mulher, Relações de Trabalho, Meio Ambiente e Desenvolvimento; 3) Gênero, Identidade e Cultura; 4) Gênero, Arte e Literatura; 5) Gênero, Saúde e Violência; 6) Gêneros, Corpos e Sexualidades; 7) Gênero, Educação e Diversidade.
        Os estudos em seminários temáticos dessas linhas de pesquisa iniciaram-se em 2013, constituindo-se em mais uma atividade semanal do Grupo. Priorizaram-se os temas teóricos sobre a situação das mulheres, as teorias de gênero na perspectiva feminista, com leituras de livros clássicos como “O Segundo Sexo” (vol. 1 e 2). Textos de Joan Scott e as vertentes das áreas específicas das Ciências Sociais.
Desde 2006 realizamos uma atividade com o cinema, procurando adequar as temáticos dos filmes com as que estruturam as várias áreas sobre o enfoque feminino. Trata-se do Cine-Gênero que tem propiciado dialogar com outro público em debates sobre a imagem e o enfoque específico que a arte cinematográfica proporciona.
Neste ano de 2016 elegemos para os seminários semanais o tema sobre FEMINISMOS em suas várias abordagens procurando analisar a diversidade de enfoques temáticos que posicionam esse conceito.
        Como se vê, esse movimento de chegadas de atividades criadas para incrementar os estudos sobre os gêneros tem sido sempre dinâmico e dialético.

Esses estudos nos ajudaram a problematizar a noção de sujeito universal e mostrar o caráter hierárquico e assimétrico subjacente à construção de feminilidades e masculinidades. Eles nos ajudaram, também, a quebrar com a noção de identidades uniformes. A dar sustentabilidade ao que hoje as políticas públicas estão multiplicando em nome dos estudos de diversidade e educação. As marcas sociais foram cada vez mais introduzidas nas pesquisas a fim de dar conta da multiplicidade de práticas e representações de mulheres e homens, pautadas em diferenças: étnicas, raciais, status e classe social, geração, sexualidade e orientação religiosa, para destacarmos apenas alguns dos principais marcadores. No percurso destas descobertas da potencialidade destes estudos, a cada dia se acham mais enriquecidas pelas versões da diversidade das áreas de conhecimento e das demandas sociais em problemas emergentes. As “meninas do GEPEM” têm clara a proposta de uma re-visão do percurso desses estudos, em anos de presença do grupo, que evidenciam a multiplicidade de linguagens e de imagens de homens e mulheres que construíram cenários e vivenciaram histórias generificadas no meio amazônico. Com isso, assume-se o desafio de pensarmos o feminino e o masculino a partir de identidades múltiplas que se refletem em similaridades, mas também em especificidades de comportamentos, valores, atitudes e agendas políticas dos sujeitos sociais.
Ao criarem suas vertentes de estudos dentro de áreas de conhecimento onde se posicionaram na academia, continuam a aprendizagem desses estatutos procurando generificar alguns resultados que se institucionalizariam sem a base crítica dos estudos sobre gênero. Ao estarem inseridas em linhas de pesquisa de programas de cursos de graduação e de pós-graduação, incorporaram estas discussões em seus respectivos programas.
Todas essas ações mostram a importância deste grupo de manter suas atividades e continuar aglutinando e dando visibilidade institucional às suas atividades, ampliando a rede de pesquisadores e pesquisas e solidificando ações e intercâmbios já iniciados e procurando alcançar outras dimensões.
Desse leque acadêmico e militante político temos clara a nossa aliança com os movimentos de mulheres do Pará para subsidiarmos as questões teóricas com as discussões sobre as situações práticas vivenciadas e que se tornam as contribuições necessárias às linguagens e olhares de um cotidiano nem sempre visível ao conhecimento cientifico.
Nesses anos de presença no âmbito acadêmico e na sociedade civil, o GEPEM construiu uma rede de estudos de gênero na Amazônia, contribuindo para o crescimento da produção de saberes, práticas e linguagens e promovendo a inclusão de discussões sobre as masculinidades e as minorias sociais. Ao longo desse período de atuação, manteve um fluxo permanente de atividades no formato de palestras, cursos, pesquisas e encontros integrados junto aos movimentos de mulheres e feministas, assim também, discussões específicas relativas ao meio ambiente regional e sobre as inquietações mais recentes da sociedade em torno da discussão sobre a violência doméstica e sexual, trafico de mulheres e de pessoas e de outras ações que tendem a contribuir numa agenda política importante dos movimentos sociais.
Desse compromisso acadêmico consideramos que nos mantivemos nos objetivos iniciais firmados pelas mestras Edna Castro, Rosa Acevedo e Maria Angélica Maués sobre a questão da diversidade de gênero posicionadas na luta pelos direitos humanos.



[i] Os trabalhos apresentados foram os seguintes: “Padeiros e castanheiras em Belém: por que és o avesso, do avesso, avesso...”, de Edilza Fontes (Departamento de História e Antropologia); “Trabalho e saúde/doença mental: um estudo com professores de Primeiro Grau”, de Hilma Koury (Depto. De Psicologia Social Escolar); “Seminário Sobre Mulher – Região Norte/Brasil”, de Jane Felipe Beltrão (Depto. De História e Antropologia); “Imaginário, movimentos sociais e construção da identidade feminina”, de Lindalva Teixeira (Depto. de Metodologia); “Trabalhadoras rurais e engajamento sindical resgate de identidade(s): um estudo no sul do Pará, de Maria Eunice Figueiredo Guedes (Depto. de Psicologia Social escolar); “Memórias esquecidas” de imagens construídas: das idéias feministas (1910) à organização do movimento sufragista no Pará”(1931)”, de Maria Luzia Miranda Álvares (Depto. de Ciências Sócio-Políticas); “A condição feminina em Belém no período da borracha (1870-1914)” , de Marinete dos Santos Silva (Depto. de História e Antropologia).
[ii] Cf. D’INCAO, M. Ângela e SILVEIRA, Isolda Maciel. A Amazônia e a Crise da Modernização. Belém: Museu Paraense Emílio Goeldi, 1994, 592 p.